2.9.14

#74

A ideia de tu nunca vires a compreender o que se passa debaixo desta pele incomoda-me. Dentro de mim o amor anda aos trambolhões e para ti serão sempre só palavras. É fácil gostar de ti, encontrar vocabulário que te sirva. Difícil é lidar contigo. Não sei o que se faz com o amor que passa de validade. Guardo-o debaixo da almofada porque tenho medo que me deteriore o coração. Setembro fica-me sempre com o amor. E eu quero Maio de volta. Maio e as cores. O vestido florido e a música na rádio que cantei a pulmões cheios e nunca te disse que fora para ti. O céu lavanda do crepúsculo na falésia, e o peso do teu corpo apoiado no meu. "E fazes muito mais que o sol". Troco dias por vir por esse dia que já lá vai. Não sei se foi o dia mais feliz que partilhei contigo - sei que foi o mais completo. Sei que esse dia chegou ao fim, e Maio também. Sei que quero esse dia de volta. Traz-me Maio em Setembro. E demora-te por cá - sabes que és bem vindo. Há um lugar teu em mim.

2 comentários:

  1. a primavera deterioriza-se em folhas que agora caem, qual outono amarelado. o amor há-de arranjar espaço, em qualquer estação, para te lembrar que tu farás sempre dele, mais do que o sol.

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  2. querida, Jéssica, o quão estranho soa escrever-te como se para mim escrevesse... em todos os sentidos legítimos daquilo que escrevo! a rapariga da saia dos botões ridículos sou tão eu e ao mesmo tempo tão tu... que se me dessem uma alma que paira por este mundo literário e ingrato, escolhia ver-te a tua. carne e osso. saia a voar contra saia.

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