30.8.14


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21.12

Quis dar-te o mundo aos bocadinhos, trazias já os bolsos cheios. "Crimes destes acontecem todos os dias, é por isso que o mundo é um lugar feio às vezes", penso enquanto preparo o luto e aceito revoltada as noites frias que me esperam. O que o amor dá, o amor tira, e este cantinho do peito em que costumava guardar-te é agora uma casa vazia onde as memórias sujam o papel de parede e o pó se acumula no lugar exacto em que partilhámos a cama. A chuva há-de fazer eco aqui quando o inverno chegar. Dói mais à noite. Perder-te em silêncio e devagarinho dói sempre mais à noite. Penso em ti até que me pese demais pensar, e ainda aí, penso mais um pouco. Mãos. As tuas mãos fazem-me falta. Essas mãos eram amor - escrevi-lhes odes. Essas mãos que me procuravam e me conheciam o corpo, esboçaram um adeus ténue, dissimulado e desajeitado e magoaram-me o coração. Essas mãos magoam o que um dia cuidaram. Cometem crimes sem saber. 
Já não há flores nem constelações. Tenho o coração ermo. 
O mundo está cheio de crimes, já não há lugar para o amor.


1 comentário:

  1. minha querida, o amor que se desfaz é tão criminoso como aquele que deixamos que nos mate madrugada após madrugada, mas ainda é assim, é um privilégio amar. na penumbra ou na ruela mais escura... é um privilégio amar até ser dia e até a alvorada existir sem que nós nos lembremos dela.

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