22.22
Voltar a casa é, tantas vezes, entender de fora um sítio no qual já não cabemos. É rever dores de crescimento nas manchas que ficaram no papel de parede, que um dia nos pareceu o mais bonito (e o mais dorido). É olhar ao espelho, coberto de pó, e contá-las. Uma, duas. Duas rugas de expressão que não existiam cá. As minhas mãos são as mesmas, mas estão diferentes. Não sei apontar em quê. Os meus versos já não doem - será que ainda sou poeta? O meu coração está mais maciço e, por oposição, mais gracioso - talvez porque o moldei.
Disseram-me ontem, com a ternura de quem só a alma me conhece, que sou dessas mulheres que "trazem o mar nos olhos". Cabe cada vez mais em mim, essa imensidão. Sou mulher de sal.
Os dias passam, largos, desenfreados. Somente isso continua igual.
13.11.19
11.3.16
(...)
sete de copas,
sobre o amor
A química do acaso,
A física dos números primos,
O reflexo de às vezes.
Tudo em mim é vontades
E afecto guardado na algibeira
Com medo de quebrar ao vento.
Fosses caminhos para me perder
E reencontrar nas esquinas
Das cicatrizes que vestes,
Das histórias que não contas.
Mapear-te os sinais.
O todo de ti, assim,
Devagar e aos poucos.
O acaso é tão bonito
Como os naipes dos teus lábios,
As avenidas do teu corpo.
Durmo ainda com a saudade à cabeceira,
porque tenho o coração ocupado.
E no entretanto, querer-te assim,
Como se de pássaros me fosse feito o peito,
E de ternura às mãos cheias, os dias.
Se de amanhãs se faz um incêndio de querer,
Guardo-te os meus, sem que mos peças.
Ardem hectares de mim no cosmos
Que são os teus olhos,
Acordo contigo à cabeceira de nós
E quero-te tanto.
O que de nós sobra quando nos damos
Vive aqui, no silêncio deste quarto
Em que já não estamos,
E o meu nome não é aquilo que me chamam,
Mas aquilo que carregas na palma das mãos
Em noites de março.
O amor, às vezes, tem vírgulas.
Outras vezes, entre vírgulas,
Se encontra amor.
(parabéns, coração)
A física dos números primos,
O reflexo de às vezes.
Tudo em mim é vontades
E afecto guardado na algibeira
Com medo de quebrar ao vento.
Fosses caminhos para me perder
E reencontrar nas esquinas
Das cicatrizes que vestes,
Das histórias que não contas.
Mapear-te os sinais.
O todo de ti, assim,
Devagar e aos poucos.
O acaso é tão bonito
Como os naipes dos teus lábios,
As avenidas do teu corpo.
Durmo ainda com a saudade à cabeceira,
porque tenho o coração ocupado.
E no entretanto, querer-te assim,
Como se de pássaros me fosse feito o peito,
E de ternura às mãos cheias, os dias.
Se de amanhãs se faz um incêndio de querer,
Guardo-te os meus, sem que mos peças.
Ardem hectares de mim no cosmos
Que são os teus olhos,
Acordo contigo à cabeceira de nós
E quero-te tanto.
O que de nós sobra quando nos damos
Vive aqui, no silêncio deste quarto
Em que já não estamos,
E o meu nome não é aquilo que me chamam,
Mas aquilo que carregas na palma das mãos
Em noites de março.
O amor, às vezes, tem vírgulas.
Outras vezes, entre vírgulas,
Se encontra amor.
(parabéns, coração)
1.11.15
(...)
sobre o amor
Há nas minhas noites uma porta entreaberta que tem o teu nome. Chega-me ao corpo o vento frio de (mais) um novembro só. Penso que não quero mais a porta aberta. Mas se a fecho, por onde entrará a luz quando o sol nascer?
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