11.3.16

A química do acaso,
A física dos números primos,
O reflexo de às vezes.

Tudo em mim é vontades
E afecto guardado na algibeira
Com medo de quebrar ao vento.

Fosses caminhos para me perder
E reencontrar nas esquinas
Das cicatrizes que vestes,
Das histórias que não contas.

Mapear-te os sinais.
O todo de ti, assim,
Devagar e aos poucos.

O acaso é tão bonito
Como os naipes dos teus lábios,
As avenidas do teu corpo.

Durmo ainda com a saudade à cabeceira,
porque tenho o coração ocupado.
E no entretanto, querer-te assim,
Como se de pássaros me fosse feito o peito,
E de ternura às mãos cheias, os dias.

Se de amanhãs se faz um incêndio de querer,
Guardo-te os meus, sem que mos peças.
Ardem hectares de mim no cosmos
Que são os teus olhos,
Acordo contigo à cabeceira de nós
E quero-te tanto.

O que de nós sobra quando nos damos
Vive aqui, no silêncio deste quarto
Em que já não estamos,
E o meu nome não é aquilo que me chamam,
Mas aquilo que carregas na palma das mãos
Em noites de março.

O amor, às vezes, tem vírgulas.
Outras vezes, entre vírgulas,
Se encontra amor.

(parabéns, coração)

1 comentário:

  1. É bom regressar e ver que algures, afinal, ainda nos procuram. Obrigada pelas palavras, o conforto que me trouxeram é inefável.

    ResponderEliminar