13.11.19

22.22

Voltar a casa é, tantas vezes, entender de fora um sítio no qual já não cabemos. É rever dores de crescimento nas manchas que ficaram no papel de parede, que um dia nos pareceu o mais bonito (e o mais dorido). É olhar ao espelho, coberto de pó, e contá-las. Uma, duas. Duas rugas de expressão que não existiam cá. As minhas mãos são as mesmas, mas estão diferentes. Não sei apontar em quê. Os meus versos já não doem - será que ainda sou poeta? O meu coração está mais maciço e, por oposição, mais gracioso - talvez porque o moldei.

Disseram-me ontem, com a ternura de quem só a alma me conhece, que sou dessas mulheres que "trazem o mar nos olhos". Cabe cada vez mais em mim, essa imensidão. Sou mulher de sal.

Os dias passam, largos, desenfreados. Somente isso continua igual. 

Sem comentários:

Enviar um comentário