16.6.14


Robbers by The 1975 from Tumblr


Dos amores antigos que nos deixam lições valiosas e um coração dorido:

Tinha seis ou sete anos quando descobri que gostava de ver coisas a arder. Sentava-me em frente à lareira e queimava papéis de rebuçado. Talvez tenha sido esse o momento em que associei a beleza à destruição, e talvez isso explique porque gostei tanto de ti. O amor que te tinha levou-me à ruína. Sempre gostei de ver o fogo destruir, e quando o nosso amor entrou em combustão, fiquei a ver-nos arder. O amor que tinha em mim era tanto que não me importei de ser destruída. Disse-te uma vez, quando os dias ainda eram nossos, que me eras como oxigénio e me enchias os pulmões de vida, e ignorei que a presença dessa substância é o primeiro passo para a combustão. Quando ardemos, achei bonito. E fiquei. Fiquei até que nada mais houvesse para arder - até que os pulmões se me enchessem de cinzas. Até eu mesma me reconhecer como parte dessas cinzas. 

Depois, renasci. 


2 comentários:

  1. Uau, super intenso este teu texto de hoje. Sem dúvida que mal comecei a ler e falou em arder e queimar despertou logo a minha atenção.
    Adorei.

    Um beijinho :)

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  2. talvez o amor seja fogo que arde sem se ver, como dizia Camões. o que sei é que arde. e que ao ler-te, também se me arde o coração.

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