27.9.10

Fucking heart

Assim como a memória não conhece tempo e distância, o coração não conhece o correcto, o melhor ou simplesmente a altura certa para parar de dar de si quando já nada tem para receber em retorno. 
Não distingue o exacerbado do suficiente, o benefício do malefício, e segue apenas a vontade própria. 
Ás vezes canso-me do meu coração, sabes. Sempre o conheci exagerado, opulento e teimoso, toda a vida tem sido uma fonte de turbulências afectivas, causador de mágoa e culpado pela ausência de amor-próprio, é indomável e prevalecente perante qualquer vestígio de vontade-própria e à mínima tentativa de desprezo parece fazer ainda pior, mas tem dias que lida exageradamente com o exagero e toma posse de mim. 
Eu sou livre, ou pelo menos, é assim que me sinto. Estou bem e feliz, esperançosa e decidida. 
Mas ele não concorda, não acha bem que eu me dê ao luxo de querer mudar. O meu livre arbítrio é coisa que parece deixá-lo possesso e sempre que dou um passo em frente há algo que me faz recuar uns três ou quatro. 
Eu esperei muito por esta liberdade, invejei-a tanto, desejei-a acima de tudo... E agora que a tenho entre mãos não me sinto capaz de a agarrar. 
O meu coração pode ser a origem do meu amor por tudo aquilo que se encontra à minha volta, por quem me rodeia (ou faremos de conta que sim, metaforicamente), mas é também o principal culpado pelo ódio-próprio que me assalta de quando em vez.

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