18.2.14


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23.02

Há dias em que nos basta uma estrada vazia que nos leva em segredo e um carro que funciona a sonhos. 
Por cima de nós, nas nuvens, tecem-se furacões com a fúria com que o meu coração bombeia e me faz dançar o sangue nas veias, e há-de chover, mas não para já. Quando nos achamos no local suposto, encostamos. Não temos pressa. O mundo está calmo aqui, e é bonito. Faz-nos companhia e ouve-nos rir encostados ao capot. Gosta de nós. Deixei tudo o que me pesa nos primeiros quilómetros de asfalto: acredito que sou livre e, por momentos, sou. Ser é tão fácil aqui. Tão leve. Podíamos construir cidades de papel e pintá-las com cores que não existem, se assim quiséssemos. A alma está-me na ponta dos dedos e eu não sinto o tempo. Não sei dizer se estamos sob o céu das seis da manhã ou da tarde, e não quero ir para casa.

Não fui poeta, nessa noite. Fui parte do poema.


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