12.46
Eu quis debruçar-me sobre a tua tristeza e desmontar a tua complexidade. Quis ficar contigo, em silêncio, e traçar os contornos do teu corpo suavemente com a ponta dos meus dedos até encontrar cada fenda que um passado abrupto pudesse ter deixado em ti, para que soubesse exactamente onde plantar o meu amor. Quis tomar-te nas minhas mãos e cuidar de ti, beijar cada equimose que maculasse a tua alma. Quis-te tanto, e se calhar, nunca da forma certa.
Mas tu sempre foste tão cheio de medos e segredos, erros passados e dúvidas que nunca partilhaste comigo. Eras um forasteiro perdido há já tanto tempo, carregando uma bagagem demasiado pesada para ti e ainda assim nunca me deixaste ajudar.
Eu quis tomar-te nas minhas mãos. Mas como poderias alguma vez nelas caber?
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