15.9.13

Cármen.
O charme da arrogância está-lhe no adn. Vagueia as ruas com ar altivo e a pose de quem tem onde ir, porém sem destino.
O aroma que nos intoxica os pulmões à sua passagem encontra o ponto de equilíbrio perfeito entre os cigarros que fuma e a colónia barata com que pulveriza a roupa e o corpo. Tenra idade e eloquência de quem lê muitos livros. Tem mente de deus e vê o mundo com uns olhos tristes. Sabe usar as palavras.
E as pessoas. 
O característico vermelho escarlate que lhe cobre os lábios joga bem com o seu tom de pele pálido, e num todo, os traços juvenis e bem definidos do seu rosto assemelham-se a uma peculiar obra de arte. É bela. Quando o relógio chega ás duas, já três quartos desse tom escarlate se perderam, ficando esquecidos na orla dos diversos copos de whiskey que já bebeu. Não fala do que já viveu, embora essas histórias fossem mais cativantes do que qualquer uma das várias mentiras que conta todos os dias. Ninguém a conhece ao certo, mas os mais críticos acusam-na de vender amor.
Carmen é a uma quase Lolita dos tempos modernos em atitude, com direito a tudo aquilo que corrompe a alma.

Não é feliz, mas finge bem.


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