Gosto-te perto mas conservo a distância porque sei que as minhas palavras de ocasião te soam sempre a promessas quando chegam até ti a horas estivais tardias. As minhas promessas tornar-se-ão sempre de cristal quando setembro se instalar nas ruas e nos intoxicar o sangue com a ausência mútua, uma e outra vez, tornando veneno o nosso quase-amor que varremos sempre para debaixo do tapete. Que descuidada fui nessa noite amena em que quase aceitei o coração que me deste, segurei-o em minhas mãos com tanta força que o amolguei. Nunca quis que me quisesses porque sempre te quis, mas nunca te quis querer. Não deixei que me tocasses senão o coração, e fui tua até aos ossos em segredo. A verdade é que te enterrei inúmeras vezes, em diversos locais, sob diferentes pretextos, e voltaste sempre a bater-me à porta. Tornei-me uma anarquia incerta de metáforas que te reflectiam e gritavam o teu nome sem nunca dizer quem eras. O tempo nunca foi nosso. Aprendi a distanciar-me de tudo o que idealizei a sós, sem nunca partilhar contigo. E neste vazio que ficou, cabe a imensidão de tudo o que nunca tivemos oportunidade de ser. Feri as mãos e o coração nesse jogo, e sujei-os com o remorso e a culpa das palavras que guardei. Tive o teu coração nas mãos e nunca soube o que fazer com ele. Talvez nunca o tenha merecido.
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ADOREI!
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