Eu olhei-te, como acabo sempre por fazer quando passas, ainda que tente evitar.
Tu vinhas com os olhos fixos no chão e, por qualquer razão, levantaste-os nessa altura e retribuíste o olhar. Provavelmente só o fizeste porque me encontrava mesmo à tua frente, e acredito até que me tenhas olhado sem me teres visto. Mas olhaste-me. Dois segundos, se tanto. E eu senti-me tão estupidamente satisfeita com isso, tão bem. Senti o batimento cardíaco descompassado, a sensação de ter o estômago em chamas e a facilidade tremenda com que as minhas bochechas se tornam rosadas em alturas de contacto visual.
Pensando bem, é capaz de ter sido esse o dia em que me apercebi que tinha começado a gostar de ti um bocadinho mais do que poderia ter originalmente planeado.
Um bocadinho grande.
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