- Um dia, quando formos velhinhos e o que restar do teu cabelo for uma amostra branca e quebradiça já usada pelo tempo, que não cobrirá mais do que dois terços da tua cabeça, nessa altura, cansada e já pesada para o corpo que a sustentará, as tuas hoje vigorosas costas encontrar-se-ão curvadas devido ao peso que a vida se encarregará de encostar a ti, as tuas pernas não serão tão fortes, na tua cara estará marcada a passagem dos anos e as tuas mãos poderão estar trémulas até, e enrugadas, e quem sabe se necessitarás até de uma bengala que te ajude a manter de pé quando as dores próprias da idade se manifestarem e tornarem os teus movimentos mais lentos, dolorosos e difíceis. Quando esse dia chegar, eu espero honestamente estar na mesma situação e lugar que tu. E ainda que possa ser-nos impossível correr pelos campos e alcançar os céus como hoje, é assim, desta forma, que eu nos vou recordar. Jovens, livres e eternos, apaixonadamente abraçados no calor de dois corpos suados de amor e desejo, numa melancólica e silenciosamente fria tarde de Inverno.
Leslie nunca se esquecera destas palavras que lhe soaram sempre a uma promessa, a um "para sempre". E agora, trancada no seu quarto acompanhada apenas pelo som do vento lá fora, com um peso tremendo no peito que parecia asfixiá-la, recordava-se de ouvir um dia alguém dizer que não existia amor como o primeiro. Talvez fosse verdade.
Mas na situação em que se encontrava, Leslie precisava de acreditar que, algures, existia melhor.
Mas na situação em que se encontrava, Leslie precisava de acreditar que, algures, existia melhor.
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