14.11.10

A minha fraqueza é amar-te

Your Heart Is An Empty Room from Deviantart
Não sei até que ponto a tua percepção de "amar" é ou não restrita o suficiente para tornar uma confissão desta natureza em algo constrangedor, e por isso vou dedicar-me a explicar. 
Eu não te amo como uma mulher ama um homem, pelo menos, já não. Lá longe vão os dias em que o fiz e me esforcei por to provar. 
Hoje, penso que ainda que tentasse, já não saberia fazê-lo. Amar dessa forma requer continuidade, empenho e sobretudo, resposta. 
Aliás, talvez eu te tenha amado durante o tempo que me foi concedido para tal, e talvez durante todo o tempo que procedeu esse mesmo tempo, eu estivesse apenas habituada a amar-te assim, dessa forma tão minha e altruísta. 
Julgo que o que estou a tentar dizer-te é que já não estou apaixonada. Mas existem inúmeras formas de continuar a "amar" mesmo após a chama da paixão se ter apagado. 
E este "amor", este "amor" é tão diferente. Já não se alimenta de desejo, de contacto físico ou palavras de carinho, já não depende de qualquer tipo de romantismo banal para sobreviver.
Este "amor" não dependeu da minha força de vontade de querer amar ou do teu interesse em ser amado, aconteceu por si só, cresceu sozinho. Foi algo espontâneo. 
É constituído pelo tempo que passou, pelo dia-a-dia que fomos vivendo entretanto, pelo hábito de te ter por perto, ao qual já me afeiçoei. Alimenta-se de uma preocupação a tempo inteiro, de uma enorme vontade de saber que estás bem e baseia-se, sobretudo, na confiança e sinceridade. 
Este "amor" foi crescendo com os pés assentes na força sobre-humana de uma tentativa de esquecimento que precisava apenas de tempo para se revelar capaz de acontecer, e na certeza da existência da compreensão mútua. Não são precisas palavras bonitas e a necessidade exaustiva daquelas supérfluas conversas diárias, é tão dispensável. 
Este "amor" não é aquele tipo de amor. É diferente, é pessoal, não está ao alcance de qualquer olhar porque não se rege por beijos ou carícias, mas por paciência e companheirismo, é aquele a quem ninguém faz referência e nem tão pouco aparece nos livros. Mas devia sabes, porque este tipo de "amor" é tão ou mais bonito do que o outro, é a bonança que apaziguou a tempestade. 
Este é o tipo de "amor" que fica quando algo já cresceu o suficiente para não poder ser chamado apenas amizade, mas regrediu demasiado para poder ser chamado amor.

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