...continuo aqui á tua espera como sempre fiz, mas tu pareces teimar em fazer-me esperar. Pergunto-me se procuras testar a minha força e paciência ou se realmente decidiste apenas mudar de rumo e procuras agora outro alguém a quem te dirigir nos dias em que a saudade te apauperre a coragem e o frio te endureça a alma, mais do que o corpo, e te leve a perder destreza. Não sei que valor têm para ti as palavras, mas eu já as tive em melhor conta, e por vezes isso leva-me a questionar a tua tão prometida chegada um dia. Quero acreditar que sim, que vens a caminho e que lutas acima de tudo para chegar até mim; quero acreditar que mais facilmente desistirias da tua vida do que do meu amor e que no dia em que a tua jornada chegar ao fim será aqui, no meus braços, que virás procurar conforto e carinho. Mas meu amor, não demores tanto, eu posso cansar-me de esperar; posso cansar-me desta fragilidade e desprotecção e acabar por ser eu mesma a meter um fim precoce na tua jornada, pode ser que quando chegues com todas as tuas histórias para contar eu já cá não esteja para as ouvir. Não me sinto feliz em fazê-lo, mas já me magoei por meter o meu bem estar em segundo plano, já me feri nessa ausência de amor-próprio e estas são feridas que nem o próprio tempo cura. Não meu amor, estão são daquelas feridas que deixam uma cicatriz profunda para tornar mais difícil o esquecimento e que parecem gostar de se fazer sentir vivas ao mais leve toque. Afinal, por onde andas tu quando as coisas correm mal e tudo o que preciso é ouvir da tua boca que tudo vai ficar bem? Diz-me que caminhos traças, que chão pisas nos momentos em que caio e tu não estás cá para me amparar? Não me interessa de onde ou por onde vens, não me preocupa o porquê de vires e nem dou importância ao facto de poderes querer voltar a partir um dia, contando que até esse dia de desilusão me proporciones muitos de felicidade. Não me importo, não me quero importar. Nunca deixarás de ser dono de ti e a liberdade pertencer-te-á sempre por direito. Peço-te apenas que apresses o passo e chegues depressa pois eu acho que estou a chegar ao meu limite de força, e acredita, já faltou mais para desistir. Não te vi uma única vez e não consigo sequer imaginar como serão os teus contornos; não te conheci ainda e pergunto-me como será a tua personalidade, como será o teu toque, o teu olhar e como soará um "amo-te" teu. Desconheço que talentos terás mas sei que decerto terás algum, e quiçá serás tu quem vai cantar para mim e levar-me a ver o mar num dia de muito frio, porque hás-de conseguir saber que é nessas alturas que ele me é mais confortável. E pergunto-me, pergunto-me qual será o teu maior defeito e qual a qualidade que, por contraste, apaziguará a minha ira e amolecerá o meu coração quando estiver zangada contigo e me vieres pedir desculpa por qualquer razão. Não imagino quais serão os teus interesses mas espero que tenhamos algum em comum e não consigo sequer sonhar contigo ainda, mas já sinto a tua falta. Vem depressa, sim?
(o texto não é recente, mas continua a ser dos que me diz mais. além disso ando sem inspiração para escrever novos textos)
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